Ainda não é telepatia, mas estamos chegando lá

Ainda não é telepatia, mas estamos chegando lá

Interface cérebro-cérebro aproxima-nos da telepatia
Interface neural dá os primeiros passos para formar uma rede de cérebros, interconectando pessoas. [Imagem: UPM]
Hardware para telepatia
Interfaces neurais, ou interfaces cérebro-computador, permitem controlar dispositivos externos pelo "pensamento" - tipicamente são usadas intenções de movimento de um membro, e não exatamente uma ideia abstrata do tipo "Eu quero isto", ou "Eu quero aquilo".
Assim, é natural pensar que um próximo estágio no desenvolvimento dessas neurointerfaces possa permitir a transferência direta de informações entre pessoas, do cérebro de uma para o cérebro de outra.
Embora se imagine que isto possa estar muito distante no futuro, uma equipe internacional de pesquisadores acaba de publicar um artigo alegando terem dado um passo importante nesse rumo. Eles desenvolveram uma interface neural que permite distribuir uma tarefa cognitiva entre diversas pessoas.
Em seus testes, a equipe usou a interface cérebro-cérebro para estimar os estados cerebrais de cada participante e distribuir uma carga cognitiva entre os membros do grupo, que estavam realizando juntos uma tarefa comum.
A interface permitiu compartilhar a carga de trabalho entre todos os participantes, dependendo do desempenho cognitivo de cada pessoa estimado a partir de sua atividade cerebral elétrica.
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Interface cérebro-cérebro aproxima-nos da telepatia
Esquema do experimento envolvendo a distribuição da carga cognitiva de uma tarefa entre os dois participantes. [Imagem: Vladimir A. Maksimenko et al. - 10.3389/fnins.2018.00949]
Rede de cérebros
Vladimir Maksimenko e seus colegas da Alemanha, Espanha e Rússia colocaram dois voluntários para resolver juntos uma tarefa de classificação de imagens ambíguas apresentadas em uma tela. Cada um dos voluntários tinha sua atividade cerebral monitorada em tempo real por eletroencefalogramas.
A classificação de imagens altamente ambíguas exige um grande esforço cognitivo em comparação com a identificação de imagens mais claras. A equipe forçou uma sobrecarga cognitiva aumentando a duração do experimento (40 minutos) e fazendo pausas curtas entre a apresentação das imagens (5 a 7 segundos). Assim, os voluntários foram obrigados a manter um alto nível de concentração durante o experimento.
No primeiro estágio, cada voluntário fez a tarefa separadamente, o que permitiu detectar nos sinais cerebrais a carga cognitiva e os períodos de fadiga, mostrando momentos de perda de atenção e momentos de recuperação, durante os quais a concentração voltava a aumentar.
No segundo estágio, a interface neural avaliava continuamente a carga cognitiva no cérebro de cada um dos participantes e, de acordo com o resultado, distribuía a tarefa para cada um deles, mostrando imagens menos ambíguas ou aumentando o tempo entre as imagens para quem estivesse mais cansado, e aumentando a carga para quem se mostrava mais concentrado. Tudo foi feito de modo a manter o mesmo tempo total para a tarefa e mostrar o mesmo número de imagens.
"Nós demonstramos que a eficiência da equipe pode ser aumentada devido à redistribuição do trabalho entre os participantes, de modo que a carga de trabalho mais difícil recaia sobre o operador que apresenta desempenho máximo. Por fim, nós demonstramos que a interação humano-humano é mais eficiente na presença de um certo retardo determinado pelos ritmos cerebrais. Os resultados obtidos são promissores para o desenvolvimento de uma nova geração de sistemas de comunicação baseados na atividade cerebral neurofisiológica de pessoas interagentes," escreveu a equipe.
"Os resultados obtidos podem ser um ponto de partida para o desenvolvimento de sistemas de comunicação neural entre pessoas que permitam 'sentir' as condições do outro, resultando em uma interação mais eficiente," disse o professor Alexander Pisarchik, da Universidade Politécnica de Madri.
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Bibliografia:

Increasing Human Performance by Sharing Cognitive Load Using Brain-to-Brain Interface
Vladimir A. Maksimenko, Alexander E. Hramov, Nikita S. Frolov, Annika Lüttjohann, Vladimir O. Nedaivozov, Vadim V. Grubov, Anastasia E. Runnova, Vladimir V. Makarov, Jürgen Kurths, Alexander N. Pisarchik
Frontiers in Neuroscience
DOI: 10.3389/fnins.2018.00949

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