Ondas gravitacionais são detectadas pela terceira vez

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Ondas gravitacionais são detectadas pela terceira vez

Ondas gravitacionais são detectadas pela terceira vez
Os dois buracos negros que se chocaram estavam em rotações diferentes.[Imagem: LIGO-Caltech-MIT-Sonoma State/Aurore Simonnet]
Astronomia das ondas gravitacionais
Ondas gravitacionais - ondulações no tecido do espaço-tempo causadas pelo movimento de corpos celestes de grande massa - foram observadas pela terceira vez.
Novamente elas foram detectadas pelo observatório LIGO, uma colaboração científica internacional sediada nos EUA, que fez história no ano passado ao detectar ondas gravitacionais pela primeira vez, depois de mais de um século que Albert Einstein previu sua existência.
"O ponto fundamental deste terceiro registro é que estamos saindo do período da novidade para a de uma nova ciência observacional, uma nova astronomia das ondas gravitacionais," disse David Shoemaker, porta-voz do Ligo (Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro de Laser, na sigla em inglês).
Fusão de buracos negros
Os sinais foram detectados no dia 4 de janeiro.
Como nas outras duas vezes, os cientistas acreditam que este evento foi gerado por uma fusão de buracos negros, que produziu uma quantidade extraordinária de energia.
A análise sugere que os dois buracos negros tinham massa de 31 vezes e 19 vezes a do Sol, respectivamente.
"Esses são os eventos astronômicos mais poderosos testemunhados pelos seres humanos", afirmou Michael Landry, do laboratório do Ligo em Hanford, nos EUA. "Essa energia é liberada num espaço de tempo muito curto, e nada disso produz luz, por isso que você precisa de detectores de ondas gravitacionais."
Triangulação
Assim como nas duas observações anteriores, em setembro e dezembro de 2015 - igualmente noticiadas apenas alguns meses depois -, os astrônomos não têm certeza onde exatamente o evento do dia 4 de janeiro ocorreu.
Em um intervalo de três milissegundos entre o sinal detectado, primeiro no laboratório de Hanford e depois no laboratório de Livingston, é possível determinar apenas um grande arco de possibilidades para a fonte do evento.
Telescópios convencionais foram alertados de um flash de luz coincidente, mas eles não observaram nada que pudesse ser atribuído à fusão dos buracos negros.
Só será possível resolver esse problema de triangulação - para determinar a localização do evento - quando uma terceira estação, chamada Virgo, na Itália, começar funcionar nos próximos meses.
Propriedades dos buracos negros
Esta terceira detecção traz mais dados para pesquisas sobre as propriedades dos buracos negros.
Os astrônomos garantem que, pela natureza do sinal do dia 4 de janeiro, as rotações dos dois corpos celestes que se chocaram não estavam totalmente alinhadas quando se chocaram.
Isso sugere que eles não foram criados a partir de uma dupla de estrelas que explodiu e provocou os buracos negros. Em vez disso, sua origem mais provável é a partir de estrelas que tiveram vidas independentes e, em algum momento, se tornaram uma dupla.
"Nesse primeiro caso, esperaríamos que as rotações permanecessem alinhadas", disse Laura Cadonati, porta-voz do grupo de pesquisa. "Com isso, encontramos uma nova peça para o enigma na compreensão dos mecanismos de formação (do evento)."

Bibliografia:

GW170104: Observation of a 50-Solar-Mass Binary Black Hole Coalescence at Redshift 0.2
B. P. Abbott et al.
Physical Review Letters
Vol.: 118, 221101
DOI: 10.1103/PhysRevLett.118.221101

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