Mulheres no mundo dos negócios




Mulheres no mundo dos negócios
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O Brasil conta com 18,8 milhões de empreendedores em estágio inicial ou com menos de 42 meses de existência. Deste total, 53% são mulheres e 47% homens. É o que aponta os dados da última pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor). Na visão de Rose Mary Almeida Lopes, coordenadora do núcleo de Empreendedorismo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), o sexo feminino ainda galga seu espaço nos novos negócios. "Tem crescido bastante o número de mulheres que querem empreender. Em países com renda per capita alta, essa desigualdade é menor, pois há mais democracia e direitos. No Brasil as mulheres que empreendem por ter oportunidade já superaram os homens que investem em negócios por necessidade", afirma ela.

Os números da pesquisa realizada pela GEM destacam que o país está mais receptivo ao empreendedorismo feminino, mas ainda assim o preconceito é algo existente. "Ele aparece de forma velada, visto que não é politicamente correto ter esses tipos de pensamentos", comenta Rose Mary. A coordenadora aponta que o preconceito diminui a partir do setor e área na qual a mulher resolve investir. "Se o setor já é mais feminino, ligado a cuidados, prestação de serviço, educação, confecções, ele é quase inexistente", acredita ela.

Mas há exceção para essa regra. Vanessa Caldas, dona da loja online "AmoMuito.com", sempre esteve envolvida com projetos na área de tecnologia, predominante ocupada pelo sexo masculino, e nunca sofreu discriminação. Vanessa notou que ainda que muitas mulheres investissem no Brasil, poucas fugiam da área de clínicas de estéticas e salões de beleza, para isso criou o site "Empreendedoras". "A ideia surgiu em 2009 quando viajei com mais 10 empresários para Nova York em uma missão empreendedora e eu era a única mulher. A partir desse caso resolvi montar um grupo para conhecer empreendedoras e criar um espaço para compartilhar erros e acertos", explica ela.

O foco do grupo saiu um pouco do idealizado pela criadora, visto que as pessoas buscavam mais contato para pedir ajuda, do que para contar sobre as empreitadas empreendedoras. "Muita gente só entrava para fazer perguntas do tipo "No que eu posso investir pra ter dinheiro?", ninguém tem essas respostas. Além disso as próprias usuárias não queriam colocar na web quais foram os erros, o que elas tiveram que passar para contornar as situações. Isso era feito nos encontros que marcávamos pessoalmente. Na internet as pessoas só queriam colocar as coisas boas e ficavam retraídas na hora de se expor, acho que isso nem é uma característica apenas feminina, o homem também tende a esconder os erros", conta ela.

Em relação aos tipos psicológicos de homens e mulheres, Rose Mary acredita que o sexo feminino tem mais facilidade de falar e endereçar sentimentos, coisas que se usadas da maneira corretam ajudam no mundo dos negócios. "A mulher tem essas vantagens e podem usá-las no sentido de tratar as pessoas, isto é, tanto os colaboradores, quanto os clientes e fornecedores", acredita ela. Vanessa endossa que as mulheres tendem a ser mais organizadas e cautelosas. "O homem se arrisca mais, mete os pés pelas mãos", conta ela.

As mulheres precisam de uma atitude maior para começar a investir, portanto arriscam menos, acredita Vanessa, que acha que a família às vezes cumpre um papel muito castrador nesse aspecto. "Quando você começar a investir precisa largar seu emprego, ter atitude e consciência de que não dá pra abrir um negócio e já ter salário no final do mês. Isso acaba sendo complicado, pois as mulheres tem que se preocupar com filhos e outros orçamentos e a família também coloca ela para baixo, encrencando com a opção que foi feita", explica ela.

Para a coordenadora do núcleo da ESPM, as mulheres têm a tendência de avaliar as coisas levando em conta sentimentos, especialmente antes de investir. "A mulher se questiona em como essa decisão irá impactar aos outros e a si mesma, enquanto os homens são mais racionais. Em um momento crítico em que é preciso cortar gastos ou mandar algum funcionário embora, pois ele não produz mais da forma correta, as mulheres tendem a sofrer mais na hora de tomar uma decisão", destaca ela. Esse tipo de comportamento também faz com que as mulheres optem por fazer negócios mais sociais. "As mulheres se preocupam mais com o próximo, trabalham o dia todo, mas não deixam de pensar no que aconteceu na rua, o que passa no jornal... Elas são mais engajadas", conta Vanessa, que acredita que mesmo quando a mulher não empreende em algo social, ela busca formas de ajudar os já existentes, como doações e ajudas para orfanatos, creches e asilos.

As dicas para as mulheres que querem entrar em um negócio, entretanto, são as mesmas que para os homens. "Não deixe ninguém te colocar para baixo. Se alguém considerar sua ideia louca, ai que você tem que investir mesmo, porque é só quando a gente pensa diferente que há inovação e algo que de certo", acrescenta Vanessa. Rose Mary acredita que é necessário analisar quais são os erros que todas as pessoas cometeram para fazer a diferença. "Escolha bem o seu sócio, de preferência uma pessoa que te complete e possua as qualidades que você deixa a desejar. É preciso ter cuidado também com otimismos exagerados e a escolha dos colaboradores, busque o perfil adequado em termos de expectativa e confiança", finaliza ela.

Você é ou conhece uma mulher empreendedora? Acredita que elas enfrentam mais desafios do que os homens no mundo dos negócios? Compartilhe informações sobre o caso no fórum do portal Santander Empreendedor.
 

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