Como prever o futuro financeiro da empresa
Finanças
Como prever o futuro financeiro da empresa
Ao longo do ano, as empresas têm uma série de desembolsos que podem ser previstos com bastante antecedência. Aliás, o ideal é que sejam programados antes mesmo de o ano começar. Afinal, todo empresário sabe que, em algum momento, terá de pagar IPTU (Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana) do imóvel, 13º salário e férias aos funcionários, por exemplo. Extrapolando um pouco, é possível imaginar que será necessário gastar com manutenções de equipamentos e do próprio prédio e até com propaganda.
Dessa forma, o ideal, recomendam as fontes entrevistadas pelo portal Santander Empreendedor, é montar o planejamento financeiro completo da empresa, em que constem todos os desembolsos possíveis de serem previstos com antecedência. "Os empresários precisam fazer a programação para não chegar em dezembro e perceberem que a empresa ficou sem caixa", alerta Liliane Cristina Segura, professora do curso de Ciências Contábeis da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Opinião semelhante é compartilhada por Luís Lobrigatti, consultor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo). Para ele, os desembolsos mais evidentes ocorrem com o pagamento do 13º dos funcionários e das férias, além das manutenções de equipamentos e prédio. "Tem que planejar o mês em que esse tipo de gasto vai acontecer e programar", recomenda. "É preciso considerar que todo prédio exige pintura, manutenção de fachada, que todo equipamento requer revisão e manutenção", diz.
Previsão do futuro
A melhor forma de o empresário saber quais serão os momentos em que terá de colocar a mão no bolso é olhando para o passado. O histórico dos anos anteriores permite que ele saiba com precisão quais serão os gastos vindouros e, principalmente, qual será o valor a ser despendido. E essa análise serve não apenas para os gastos fixos como para os variáveis, como consertos e revisões. A recomendação é de Lobrigatti. "Todos os gastos têm reajuste anual. Então, não vai pagar a mesma coisa ano após ano. A média histórica de reajuste ajuda a projetar para 2011", afirma.
O planejamento também é fundamental para que o empresário possa equalizar recebimentos e despesas ao longo dos meses. Isso porque, tanto quanto os gastos, os recebimentos também não são estáveis. Tais oscilações no faturamento dizem respeito, especialmente, aos custos fixos, conforme pontua Liliane. "O empresário precisa tomar muito cuidado com picos de faturamento, que influenciam muito no dia a dia da empresa pois há uma serie de gastos fixos que não dependem do faturamento", explica.
Dessa maneira, se a empresa contar com um planejamento anual que lhe permita saber quanto precisa para cobrir os custos fixos, ela não chegará ao período de baixa sem dinheiro. Ou seja, o ideal é considerar a média de despesas, o valor total dividido por doze meses.
Custos fixos e variáveis
É preciso, então, entender o que é e ter plena consciência do que é e quais são os custos fixos e os variáveis da empresa. Para Liliane, as empresas em geral não têm conhecimento de quais são seus custos. Ela explica que custos fixos são aqueles dos quais a empresa depende para existir e operar, como aluguel, contas de água, luz e telefone, por exemplo.
Já variáveis são os que oscilam conforme a produção e as vendas da empresa. Exemplo é o custo de matéria-prima e dos impostos sobre a produção. Serão mais altos conforme aumentar a demanda. "O preço de venda menos os custos variáveis revelam a margem de cada produto. Assim, o empresário consegue saber quanto tem que vender para pagar os custos fixos, considerando a sazonalidade", ensina Liliane.
Para ela, basta dominar esses conceitos e realizar esse tipo de controle para ter uma noção bastante precisa do que acontecerá ao longo do ano. "Assim ele sabe quanto gera de dinheiro e quanto cada produto contribui para pagar custos fixos. Em algum momento do ano ele já vai ter faturamento pra pagar todos os custos", diz. Isso é importante porque, ao chegar nesse ponto, pode programar promoções e descontos a partir desse momento, melhorando a margem para os clientes e manipulando o preço para ganhar mercado. Esse tipo de análise pode ser feita dentro do mês.
Prazo contínuo
Uma vez que o empresário não precisa entregar o planejamento financeiro para ninguém, não há um prazo final para realizá-lo. No entanto, o ideal é que seja feito antes do começo do ano. Por isso, ainda dá tempo de correr com esse estudo, que será a bússola de gestão da empresa, na opinião de Lobrigatti. "Empresas sem planejamento ficam muito ao sabor do vento. E, geralmente, o cenário que se vê nessas empresas é o de apagar incêndios. Ao planejar ações você consegue agir com mais assertividade", assegura.
Nessas condições, ele recomenda ao empresário iniciar o quanto antes o planejamento e não deixá-lo de fazer, mesmo que termine somente após a virada do ano. "Tudo tem que estar escrito e fixo para ser usado para controlar a empresa, para verificar se os negócios estão indo no rumo que foi traçado", diz.
Ao visualizar os doze meses, o empresário tem informações prévias e, conforme as datas chegarem, pode usar o planejamento para fazer controle e ajustes, revendo as metas para os meses seguintes. E não é necessário contar com programas complexos para fazer o planejamento. Basta um planilha simples, afirma Liliane. Essa ferramenta é suficiente para que o empresário exercite seu poder de planejamento. Com isso, explica Lobrigatti, ele vai acompanhar, identificar causas de distorções. "É o que vai torná-lo cada vez mais um planejador e gestor eficiente. Vai se aperfeiçoar na habilidade de planejamento, de utilizar informações que recebe todo dia para a prática da empresas", salienta o consultor do Sebrae.
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