Por que confiar na tecnologia não irá salvar o planeta

Por que confiar na tecnologia não irá salvar o planeta

Com informações da Universidade de Lancaster - 25/05/2020

Por que confiar na nova tecnologia não irá salvar o planeta
Fases 1 e 2 das metas climáticas.
[Imagem: McLaren/Markusson - 10.1038/s41558-020-0740-1]

Promessas tecnológicas

O excesso de confiança nas promessas de novas tecnologias para resolver as mudanças climáticas só está nos atrasando, afirmam Duncan McLaren e Nils Markusson, da Universidade de Lancaster, no Reino Unido.

Com base em suas análises, a dupla pede o fim de um ciclo de longa data de "promessas tecnológicas e metas de mudança climática sendo reformuladas".

As propostas tecnológicas para responder às mudanças climáticas incluem a energia da fusão nuclear, máquinas gigantescas de sucção de carbono, restauração do gelo usando milhões de bombas eólicas, pulverização de partículas na estratosfera e outros planos mirabolantes da geoengenharia.

"Por quarenta anos, a ação climática tem sido adiada por promessas tecnológicas. As promessas contemporâneas são igualmente perigosas. Nosso trabalho expõe como essas promessas aumentaram as expectativas de que opções políticas mais efetivas se tornassem disponíveis no futuro e, assim, permitiram uma política contínua de prevaricação e ações inadequadas," escrevem os especialistas.

"A prevaricação não é necessariamente intencional, mas essas promessas podem alimentar uma 'corrupção moral' sistêmica, na qual as elites atuais são autorizadas a seguir caminhos em benefício próprio, passando os riscos para as pessoas vulneráveis no futuro e no Sul global," acrescentam eles.

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Insensatez

O artigo descreve um histórico dessas promessas, mostrando como o objetivo internacional abrangente de "evitar mudanças climáticas perigosas" foi reinterpretado e representado de maneira diferente à luz de novos métodos de modelagem, cenários e promessas tecnológicas.

Os pesquisadores argumentam que as metas, modelos e tecnologias co-evoluíram de maneira a permitir atrasos: "Cada nova promessa não apenas concorre com as ideias anteriores, mas também minimiza qualquer senso de urgência, permitindo o adiamento repetido dos prazos políticos para a ação climática e comprometendo o compromisso da sociedade com respostas significativas.

"Colocar nossas esperanças em mais novas tecnologias é insensato. Em vez disso, a transformação cultural, social e política é essencial para permitir a implantação generalizada tanto de respostas comportamentais quanto de respostas tecnológicas às mudanças climáticas," concluem eles.

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As metas da atual Fase 5 concentram-se na temperatura média global.
[Imagem: McLaren/Markusson - 10.1038/s41558-020-0740-1]

Metas climáticas

Os pesquisadores mapearam a história das metas climáticas em cinco fases: "estabilização", seguida de um foco em "reduções percentuais de emissões", passando para "concentrações atmosféricas" (expressas em partes por milhão), "orçamentos cumulativos" (em toneladas de dióxido de carbono) e, atualmente, "metas de temperatura".

  • Na primeira fase (Rio 1992) as promessas tecnológicas incluíam maior eficiência energética, aprimoramento em larga escala de sumidouros de carbono e energia nuclear.
  • Na segunda fase (Quioto 1997) as políticas prometiam reduzir as emissões com eficiência, substituição de combustíveis e captura e armazenamento de carbono.
  • Na terceira fase (Copenhague 2009), a captura e armazenamento de carbono tornou-se ligada à bioenergia, enquanto a política se concentrou nas concentrações atmosféricas.
  • A fase quatro viu o desenvolvimento de modelos sofisticados de orçamento global de carbono e o surgimento de uma série de tecnologias de emissões negativas.
  • A política da fase cinco se concentrou cada vez mais nas metas de temperatura, formalizada com o acordo de Paris de 2015.

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Bibliografia:

Artigo: The co-evolution of technological promises, modelling, policies and climate change targets
Autores: Duncan McLaren, Nils Markusson
Revista: Nature Climate Change
DOI: 10.1038/s41558-020-0740-1
CP2

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