Brasileiros ajudaram a detectar ondas gravitacionais

Brasileiros ajudaram a detectar ondas gravitacionais
Modelo mostrando as ondas gravitacionais geradas por um sistema binário cujas estrelas estão em processo de fusão. [Imagem: NASA Ames/PRL]

Nova janela para o Universo
Pesquisadores brasileiros fazem parte da equipe internacional que anunciou ontem a primeira detecção das ondas gravitacionais.
A colaboração entre os projetos LIGO e VIRGO reúne mais de mil cientistas de mais de 90 universidades e instituições de pesquisa de 16 países.
Entre os participantes do projeto estão Odylio Denys de Aguiar, Márcio Constâncio Júnior, César Augusto Costa, Allan Douglas dos Santos Silva, Elvis Camilo Ferreira e Marcos André Okada, todos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e Riccardo Sturani, do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (IFT-UNESP).
"Essa primeira observação das ondas gravitacionais abre uma nova janela de observação do Universo e marca o início de uma nova era na pesquisa em Astronomia e Astrofísica", avaliou César Augusto Costa, pesquisador do Inpe.
Antirruído e modelagens
O grupo de pesquisadores do Inpe, liderado por Aguiar, trabalha no aperfeiçoamento da instrumentação de isolamento vibracional do LIGO, que opera com espelhos resfriados, e na caracterização dos detectores, buscando determinar fontes de ruído.
As ondas gravitacionais são tão fracas que é necessário isolar completamente o equipamento não apenas das ondas sísmicas e da expansão e contração da Terra pelo calor, como também de eventos tão prosaicos como uma árvore caindo na floresta ao lado do observatório ou as ondas do mar batendo nas rochas a centenas de quilômetros de distância.
Já o grupo do IFT-Unesp, dirigido por Sturani, trabalha na modelagem e análise dos dados de sinais de sistemas estelares binários que estão se fundindo em uma estrela única.
A modelagem é particularmente importante porque as ondas gravitacionais têm interação muito fraca com toda a matéria, tornando necessários, além de detectores de alto desempenho, técnicas de análises eficazes e uma modelagem teórica precisa dos sinais, de forma a separá-los dos demais sinais captados pelos instrumentos.
Marolas gravitacionais
Por sorte, o sinal detectado pelo LIGO foi extremamente forte, mas há possibilidade de que outras ondas menos óbvias ainda estejam escondidas nos dados coletados na campanha de observações.
"Essa primeira observação de ondas gravitacionais pelo Ligo é resultado de uma tomada de dados que ocorreu entre agosto e setembro do ano passado. A última tomada de dados terminou agora em janeiro e a análise completa deverá ser publicada em abril," disse Sturani.
Além do artigo na revista Physical Review Letters, assinado por 1.004 pesquisadores, a equipe deverá publicar nos próximos meses mais doze outros resultados da colaboração.




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