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Brasileiros revolucionam fabricação de cimento
Com informações da Agência USP - 17/04/2013

Engenheiros alemães apresentaram recentemente uma técnica para reciclagem cimento e concreto usando raios.[Imagem: Fraunhofer IBP]
Cientistas da Escola Politécnica da USP desenvolveram uma nova técnica para a fabricação de cimento combinando matérias-primas simples com ferramentas e conceitos avançados na gestão do processo industrial.
O resultado pode ser uma revolução mundial na indústria cimenteira.
Segundo o professor Vanderley John, um dos responsáveis pelo projeto, o novo processo industrial permitirá dobrar a produção mundial de cimento sem precisar construir novos fornos e, portanto, sem aumentar as emissões de gases de efeito estufa.
O cimento Portland tradicional é composto basicamente por argila e calcário, substâncias que, quando fundidas em um forno sob altas temperaturas, transformam-se em pequenas bolotas chamadas clínquer.
Esses grãos de clínquer são moídos com o mineral gipsita (matéria-prima do gesso) até virarem pó.
"Estima-se que para cada tonelada de clínquer são emitidos entre 800 e 1.000 quilos de CO2, incluindo o CO2 gerado pela decomposição do calcário e pela queima do combustível fóssil (de 60 a 130 quilos por tonelada de clínquer)", diz o professor John.
"A indústria busca alternativas para aumentar a ecoeficiência do processo substituindo parte do clínquer por escória de alto-forno de siderúrgicas e cinza volante, resíduo de termelétricas movidas a carvão. O problema é que a indústria do aço e a geração de cinza crescem menos que a produção de cimento, o que inviabiliza essa estratégia a longo prazo," explica ele.
Carga bem distribuída
A nova tecnologia consiste basicamente em aumentar a proporção de carga (filler) na fórmula do cimento Portland, adicionando dispersantes orgânicos que afastam as partículas do material e possibilitam menor uso de água na mistura com o clínquer.
A carga é uma matéria-prima à base de pó de calcário que dispensa tratamento técnico (calcinação), processo que, na fabricação do cimento, é responsável por mais de 80% do consumo energético e 90% das emissões de CO2.
A fórmula para calcular a quantidade de carga no cimento é usada desde 1970, estabelecendo que a quantidade do material de preenchimento não poderia ser alta porque havia o risco de comprometer a qualidade do produto.

Outra equipe brasileira já havia desenvolvido um cimento alternativo capaz de substituir até 80% do cimento portland. [Imagem: Ag.USP]
Os pesquisadores brasileiros descobriram que isto não é verdade.
"Em laboratório, foi possível chegar a teores de 70% de filler, sendo que atualmente ele está entre 10% e 30%", afirma John. "Com isso será possível dobrar a produção mundial de cimento sem construir mais fornos e, portanto, sem aumentar as emissões".
A solução veio da matemática, mais especificamente de estudos que, muitas vezes, parecem teorias sem qualquer ligação com a praticidade do mundo industrial.
"A tecnologia é baseada em modelos de dispersão e empacotamento de partículas que possibilita organizar os grãos por tamanho, favorecendo a maleabilidade do cimento", diz o professor Rafael Pileggi, coautor do estudo. "Por meio da reologia, ramo da ciência que estuda o escoamento dos fluidos, obteve-se misturas fluidas com baixo teor de clínquer e outros ligantes como a escória. Também foi possível reduzir a quantidade de cimento e água utilizados na produção de concreto, sem perda da qualidade".
"O estudo atual mostrou que é possível mudar a forma como se fabrica cimento, concretos e argamassas", comemora John. "Agora é preciso desenvolver uma tecnologia de moagem sofisticada em escala industrial."
A Escola Politécnica da USP já está negociando parcerias com as indústrias cimenteiras para aperfeiçoar e transferir a nova técnica.








Líquido sobre líquido vira sólido
Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/04/2013

Ilustração da nanocamada de cristais que se forma espontaneamente quando dois líquidos que não se misturam entram em contato um com o outro.[Imagem: CAU]
Água e óleo são os exemplos mais conhecidos de líquidos que não se misturam - mas há muitos mais desses casos, alguns de grande interesse industrial.
Mas o que acontece na interface entre dois líquidos que não se misturam?
Por que suas moléculas não se mesclam? Ou melhor, o que impede que suas moléculas se mesclem?
A resposta para essas e várias outras perguntas sobre o que acontece na interface entre dois líquidos acaba de ser dada por uma equipe de cientistas da Universidade de Kiel e do acelerador DESY (Deutsches Elektronen-Synchrotron)), ambos na Alemanha.
E a descoberta principal é: formam-se nanocristais sólidos na interface entre os dois líquidos tão logo eles são postos um contato com o outro.
Em um experimento que alcançou uma precisão inédita, os pesquisadores conseguiram fazer imagens da interface entre os dois líquidos com precisão atômica, lançando as primeiras luzes sobre um fenômeno que era completamente desconhecido até agora.

Difratômetro LISA, o instrumento usado para pegar os raios X do acelerador e dirigi-los para o estudo das interfaces nas amostras de líquido. [Imagem: DESY]
O estudo foi feito em uma amostra de mercúrio em solução salina com flúor, bromo e íons de chumbo: apesar de as moléculas nos dois líquidos serem desordenadas, formou-se imediatamente uma fina camada ordenada de átomos na interface.
As imagens mostram a formação de um cristal bem ordenado, ao longo de toda a interface entre os dois líquidos, com cerca de cinco camadas atômicas - isto é, cinco vezes mais espessura do que ografeno.
E esta camada inicial funciona como uma fundação para o crescimento eventual de cristais ainda maiores.
"Nossos dados de raios X mostram que esta camada sólida consiste de uma camada atômica de flúor entre duas camadas de chumbo e de bromo. Subsequentemente, cristais maiores cresceram perfeitamente alinhados sobre o topo desta camada de nanocristal," explicou Annika Elsen, principal autora do trabalho.
Segundo os pesquisadores, a descoberta poderá ter um impacto direto no processo de produção de semicondutores e de nanopartículas.
De fato, nos últimos anos, uma série de processos químicos para fabricação de nanomateriais e nanopartículas tem-se baseado no crescimento de cristais sobre meios líquidos.
Bibliografia:

In situ X-ray studies of adlayer-induced crystal nucleation at the liquid-liquid interface
Annika Elsen, Sven Festersen, Benjamin Runge, Christian T. Koops, Benjamin M. Ocko, Moshe Deutsch, Oliver H. Seeck, Bridget M. Murphy, Olaf M. Magnussen
Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: Published online before print
DOI: 10.1073/pnas.1301800110





Kepler descobre planetas parecidos com a Terra na zona habitável
Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/04/2013

Este diagrama compara os planetas interiores do Sistema Solar com o sistema planetário Kepler-69, um sistema de dois planetas a cerca de 2.700 anos-luz da Terra, na constelação do Cisne.[Imagem: NASA Ames/JPL-Caltech]
Os céus e as Terras
telescópio espacial Keplerdescobriu dois novos sistemas planetários que possuem planetas na zona habitável.
Zona habitável é o intervalo de distância de uma estrela onde a temperatura da superfície de um planeta em órbita é adequada para a existência de água em estado líquido.
O sistema Kepler-62 tem cinco planetas: 62b, 62c, 62d, 62e e 62F.
Três deles - Kepler-62e, 62F e 69c - são planetas conhecidos como "super-Terras", planetas ligeiramente maiores do que a Terra, mas menores do que os gigantes gasosos, como Júpiter e Saturno.
O sistema Kepler-69 tem dois planetas, 69b e 69c.

A zona habitável varia entre os diversos tipos de estrela. [Imagem: Lisa Kaltenegger (MPIA)]
Outras Terras
Dois dos planetas recém-descobertos orbitam uma estrela menor e mais fria do que o Sol.
O exoplaneta Kepler-62F é apenas 40% maior do que a Terra, o que o torna o exoplaneta de dimensões mais próximas do nosso planeta localizado na zona habitável de uma outra estrela.
Além disso, o Kepler-62F provavelmente tem uma composição rochosa, o que torna sua identificação a maior descoberta já realizada pelo telescópio Kepler, que foi ao espaço juntamente para procurar "outras Terras".
O exoplaneta Kepler-62e orbita sua estrela na borda interna da zona habitável e é cerca de 60% maior do que a Terra.
O terceiro planeta, Kepler-69c, é 70% maior do que a Terra e orbita na zona habitável de uma estrela semelhante ao nosso Sol.

Tamanhos relativos dos exoplanetas descobertos na zona habitável. Da esquerda para a direita: Kepler-22b, Kepler-69c, Kepler-62e, Kepler-62F e a Terra. Com exceção da Terra, as demais imagens são ilustrações artísticas, já que os planetas não podem ser visualizados diretamente. [Imagem: NASA Ames/JPL-Caltech]
Irmão-gêmeo da Terra
Os astrônomos não têm ainda certeza sobre sua composição, mas a sua órbita de 242 dias em torno de uma estrela parecida com o Sol se assemelha à do nosso vizinho Vênus.
Apesar de estarem na zona habitável, os dados não são suficientes para afirmar que a água em estado líquido de fato exista nos exoplanetas recém-descobertos - menos ainda se há vida neles.
De qualquer forma, sua descoberta mostra que estamos a um passo de encontrar um mundo semelhante à Terra em torno de uma estrela como o nosso Sol - um irmão-gêmeo da Terra.
E isso não deverá tardar a acontecer, já que os cálculos indicam que há mais planetas que estrelas na Via Láctea.

Nanoeletrônica vence lei do equilíbrio da Termodinâmica
Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/04/2013
Nanoeletrônica vence lei do equilíbrio da Termodinâmica
O que é mais importante do ponto de vista prático é que os átomos de alumínio apresentam uma distribuição totalmente uniforme no meio do cristal de silício - parte inferior desta visualização. [Imagem: Nature/MPI of Microstructure Physics]
Nanofios
A microeletrônica cada vez mais se torna nanoeletrônica.
Um verdadeiro salto nesse sentido acaba de ser dado por uma equipe de pesquisadores da Alemanha e do Canadá - e, nesse salto, eles pularam por cima da termodinâmica.
Desobedecendo todas as teorias,nanofios de silício mostraram-se capazes de absorver quantidades enormes de alumínio, aumentando drasticamente sua condutividade elétrica.
Mesmo antes desta descoberta, os nanofios vinham entusiasmando os pesquisadores devido à sua elevada eficiência e ampla gama de utilizações, inclusive em células solares.
Os novos nanofios com alta proporção de alumínio poderão não apenas ser utilizados individualmente, mas também servirem como blocos para a construção de outros componentes de alto desempenho em nível nanométrico.
Dopagem colossal
Não seria possível construir um chip com silício completamente puro.
Sua condutividade é suficiente para que a corrente flua pelos transistores somente quando elétrons ou lacunas adicionais são adicionados para aumentar as portadoras de carga no semicondutor.
E isso é feito adicionando quantidades cuidadosamente controladas de outros materiais ao silício, um processo chamado dopagem.
No método convencional utilizado para fabricar nanofios o material é dopado por meio de uma incorporação espontânea de átomos de alumínio.
A termodinâmica regula, entre outras coisas, a quantidade de uma substância que pode dissolver-se em outra, e isto aplica-se tanto a líquidos quanto a ligas formadas por metais sólidos.
Segundo a lei da termodinâmica, menos de um em cada milhão de átomos de silício pode ser substituído por alumínio.

Micrografia do nanofio de alto alumínio, mostrando a perfeita disseminação do metal no semicondutor - esta imagem do componente real pode ser comparada com a projeção teórica da primeira imagem. [Imagem: Nature/MPI of Microstructure Physics]
"O silício aqui absorve até 10.000 vezes mais alumínio do que as leis da termodinâmica permitem," afirma Eckhard Pippel, pesquisador Instituto Max Planck de Física de Microestruturas.
O grupo verificou que o teor de alumínio nos nanofios de silício chega aos 4% - contra menos de 0,0001% estabelecido pela termodinâmica.
Mas o que é mais importante do ponto de vista prática é que os átomos de alumínio apresentam uma distribuição totalmente uniforme no meio do cristal de silício.
"No dia em que eu vi os resultados, eu dei um pulo de susto," diz Oussama Moutanabbir, principal autor do estudo. "Os dados nos surpreenderam por causa da alta concentração, por um lado, e também porque os átomos de alumínio não formam aglomerados no silício."
O alto teor de alumínio no silício seria inútil se o dopante formasse aglomerados, já que o número de portadoras de carga no silício aumenta apenas quando os átomos de alumínio são distribuídos uniformemente.
Nanoeletrônica 1 x 0 Termodinâmica
Mas não é todo dia que se desafia a termodinâmica. Então, os pesquisadores partiram em busca de uma explicação.
"O fato de que a concentração se desvia tão fortemente das previsões da termodinâmica deve-se aos efeitos cinéticos," diz Stephan Senz.
A termodinâmica sempre descreve um estado ideal de equilíbrio na natureza no qual os compostos químicos tentam atingir o menor nível possível de energia, o qual eles tentam manter de forma permanente.
Para os cristais, como o silício, isto significa: conter preferencialmente o menor número possível de átomos de impurezas.
No entanto, quando este estado ideal não é alcançado, a culpa é sempre colocada na cinética.
Um dos processos usados na fabricação dos nanofios de silício e alumínio ocorre muito rapidamente ou muito lentamente para que o estado ideal de equilíbrio possa ser atingido.

Esta sequência de microfotografias ilustra bem o caminho da microeletrônica rumo à nanoeletrônica - o componente final, no alto, é o nanofio usado neste experimento. [Imagem: Moutanabbir et al./Nature]
Nanomateriais exóticos
"Nós suspeitamos que o efeito também ocorra com outras combinações de semicondutores e metais," diz Moutanabbir. "Eu acho entusiasmante que o crescimento dos nanofios ocorra longe do equilíbrio químico."
Os pesquisadores afirmam acreditar que processos similares possam ser utilizados para fabricar nanomateriais com composições químicas exóticas, que são impossíveis de produzir no estado de equilíbrio termodinâmico.
Bibliografia:

Colossal injection of catalyst atoms into silicon nanowires
Oussama Moutanabbir, Dieter Isheim, Horst Blumtritt, Stephan Senz, Eckhard Pippel, David N. Seidman
Nature
Vol.: 496, 78-82
DOI: 10.1038/nature11999



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