ADMINISTRAR PARA CRESCER

Fernando CarvallA gestão de negócios em expansão é a especialidade de Edward P. Marram: há 20 anos, ele dá aulas sobre o assunto na Babson College, considerada uma das melhores escolas de empreendedorismo do mundo. Experiência ele tem de sobra: criou a Geo-Centers, empresa de tecnologia de ponta que, ao longo de três décadas, cresceu, chamou a atenção do mercado e foi vendida em 2005. Recentemente, Marram esteve no Brasil, onde ministrou palestras para 35 empresários que cursaram o programa Gestão e Crescimento Empresarial de Alto Impacto, uma iniciativa do Instituto Educacional BM&FBovespa, em parceria com a Babson College. Voltado para pequenas e médias empresas, o programa foi criado para dar a empresários iniciantes o conhecimento necessário para aprimorar seus negócios, com base nos padrões de uma companhia de capital aberto. Uma nova edição está prevista para o segundo semestre. 

Em entrevista exclusiva a Pequenas Empresas & Grandes Negócios, o professor discute as principais dificuldades enfrentadas pelos empresários que querem expandir seus negócios e comenta a situação do empreendedorismo no Brasil.

Quais são os desafios que as empresas com alto potencial de crescimento enfrentam?
Na área de RH, a dificuldade está em contratar novos funcionários e delegar tarefas — e descentralizar é vital para o empresário que quer crescer. Em relação à área financeira, a grande questão é como conseguir mais recursos e usar esses aportes com sabedoria. No meu curso, ensino os possíveis caminhos para o empresário obter um financiamento. Logo no início, quando o negócio está começando, o dinheiro costuma vir da família, ou então de amigos. Quando o empreendimento cresce, pode ser necessário levantar dinheiro junto a investidores, anjos ou fundos de venture capital. Outra possibilidade é utilizar a geração de caixa da empresa para investir.

É preciso aprender a lidar com esses recursos? Costumo discutir com meus alunos como deve ser feita a conversão de recursos, quanto capital a empresa pode gerar, com que velocidade é preciso pagar os financiamentos e com que velocidade é possível contar com a geração de caixa. Quanto mais rápidos forem esses processos, mais dinheiro haverá para o crescimento e a inovação.

Os empresários costumam enfrentar problemas na área de RH?
Sim, eles tropeçam muito nessa área. Eu já tive minha própria empresa, então senti na pele como é. A maioria dos empreendedores cria o negócio com base em uma ideia. Eles sabem o que querem desde o começo. Nesse estágio inicial, normalmente têm só uma ou duas pessoas a seu lado. Se o empreendedor é bom, consegue transformar a ideia em realidade e a empresa começa a crescer. Daí é preciso contratar pessoal: nesse momento, o empreendedor torna-se um administrador. Só que ele nunca desejou exercer esse papel. Portanto, trata-se de uma transição. Digo às pessoas que aquilo que mais precisa mudar em uma empresa em crescimento é o empreendedor. Ele precisa se ajustar à nova realidade. A maioria das pessoas não se adapta, e essa é uma das razões dos fracassos das start¬ups. No ramo da tecnologia, por exemplo, os fundadores são tecnólogos e raramente querem administrar uma empresa, lidar com o negócio. Uma solução é trazer um CEO de fora. Isso os deixa felizes.

Uma das questões mais discutidas em gestão é a necessidade ou não de manter o fundador na empresa.
A presença do fundador é fundamental para o sucesso. Um bom exemplo é a Apple. Em 1985, o conselho de diretores pediu que Steve Jobs deixasse a Apple. A empresa afundou. Trouxeram-no de volta 11 anos depois, e a companhia voltou a crescer. Por quê? Porque ele conseguiu restituir a paixão, a inovação e a criatividade. É o que os empreendedores têm: energia, entusiasmo e capacidade de criação. Pode-se perder um CEO, mas não é possível nunca perder o contato com o fundador. É só olhar em volta: a maioria das empresas que contam com o fundador ainda tem bom desempenho. Eles deram vida ao negócio, não querem vê-lo afundar.

Seu caso é um exemplo de fundador que não permaneceu na companhia. Para quem planeja comprar um negócio, e sabe que não vai poder contar com o fundador, qual a melhor atitude a tomar?
Eu tentaria manter o fundador por perto até aprender o suficiente, ver bem como as coisas funcionam — ele pode ajudar muito com os clientes, por exemplo. Esse processo pode levar até um ano. Em aquisições, o comprador deve tentar manter a cultura da empresa. Portanto, meu conselho é: não tenha pressa de se livrar do fundador.

Qual a sua percepção sobre empreendedorismo no Brasil?
Já tive alguns alunos brasileiros, então conheço um pouco a situação. Durante muito tempo, os empreendedores brasileiros não tiveram o apoio financeiro necessário, nem a possibilidade de levantar recursos. Minha impressão é de que, nos últimos anos, isso ficou um pouco mais fácil: há mais dinheiro disponível para startups. É uma boa notícia, já que os empresários daqui tendem a ser criativos e entusiasmados. Só precisam das ferramentas certas.

Como o senhor compararia o Brasil a outros países que fazem parte do Bric?
Acho possível comparar com a Índia. É um país imenso, que conta com um grande mercado. Os indianos que conheci costumam buscar ideias em outros lugares e depois usá-las no seu país: ali, o mercado está atrasado em 50 anos — então há muitas oportunidades. Há muito dinheiro familiar: os pais investem em startups para seus filhos. Acho que isso está começando a acontecer aqui no Brasil. E pode dar certo, porque o país também tem um mercado potencial enorme. Acredito mesmo que vocês têm um futuro brilhante pela frente.
EDWARD MARRAM
QUEM É: professor de gestão de negócios em crescimento na Babson College
O QUE FAZ: durante 30 anos, foi um dos sócios da empresa de tecnologia Geo-Centers; hoje, dá aulas e ministra palestras sobre expansão

Você sabe lidar com feedback negativo?

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Todo mundo gosta de receber uma crítica positiva. O elogio acaricia o ego do ser humano, deixando as relações mais fáceis. Porém, como nem tudo são flores, no mundo dos negócios sempre se está suscetível a um feedback negativo. Saber lidar com este tipo de comentário requer jogo de cintura e autoconhecimento para encará-lo de maneira saudável. Ouvir uma opinião pode ser determinante para o sucesso.

Você sabe o que andam dizendo do trabalho de sua empresa por aí? Procurar saber o que seus clientes pensam pode significar fazer muito menos força para ir adiante. Quando falamos em crítica, o primeiro ponto que deve ficar claro é: nem todo feedback negativo é o fim. Segundo especialistas, pode ser o início de tudo. “Uma relação comercial de sucesso também se constrói com solicitude, aquela velha história de se fazer disponível. Na sequência, por sua capacidade de resolver problemas. Se você recebe um feedback negativo e o resolve você ganha a confiança do cliente e volta lá para o início da relação”, defende o consultor, escritor e autor do livro “Você é cara - aprenda a transformar dons em pontos fortes e sua marca pessoal”, Carlos Alberto Carvalho Filho.

Agora, mais do que apenas aceitar, superar um feedback negativo é fundamental. “Ao invés de se ofender com a crítica e fugir do cliente, o ideal é assumir o problema (se de fato for um problema) e resolvê-lo. Isso se transformará em valor para o seu cliente que perceberá a contribuição da sua opinião e o seu interesse em melhorar,” diz. Portanto, nada de enviar presentinhos para desviar o foco do problema, resolva e faça seu cliente perceber isso.

Tenha bom senso, não seja bobo. Existem críticas feitas apenas para desmotivar ou desenganar o profissional, é preciso ter autoconhecimento para não se abalar quando uma opinião não for verdadeira. “Use-a como um combustível para avançar e crescer, e o que não proceder, jogue fora, não guarde”, ensina a coach executiva Daniela do Lago.  Ainda assim, lembra a especialista, agradecer é fundamental, principalmente em uma relação comercial. “Ouvir um elogio é sempre mais gostoso, mas às vezes, é a crítica que vai fazê-lo melhorar seu ponto fraco para ir além”. Respire fundo, mantenha a postura e agradeça. Esta posição demonstra profissionalismo e autocontrole.

Seja um bom ouvinte e valorize o que está sendo dito. Ouvir é uma atividade difícil para muita gente, algo próprio da cultura brasileira. Reserve um tempo para saber o que seus consumidores e fornecedores estão pensando. O serviço de pós-venda pode ser um bom caminho para a abordagem. Isso também mostra sua pré-disposição a ouvir e doar um pouco de seu tempo, mesmo sem nenhuma intenção de venda imediata. Dar atenção à opinião de quem tem contato direto com sua marca pode impulsioná-lo a corrigir problemas e a vender mais.


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Governo amplia limites do Simples para empresas

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A presidenta Dilma Rousseff fechou acordo com a Frente Parlamentar Mista das Micro e Pequenas Empresas no Congresso Nacional que possibilita a ampliação do Simples Nacional por meio do Projeto de Lei Complementar 591/10. O texto atualiza a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar 123/06) que está em tramitação na Câmara dos Deputados.
“Desde 2008 que o mundo vive forte problemas econômicos que em alguns momentos se agravam. Em função disso, o nosso governo tem promovido o fortalecimento de vários setores da economia”, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao anunciar as mudanças.

O projeto ajusta de R$ 36 mil para R$ 60 mil o teto da receita bruta anual do empreendedor individual. Para a microempresa, de R$ 240 mil para R$ 360 mil, e para a pequena empresa, de R$ 2,4 milhões para R$ 3,6 milhões, o que representa uma elevação de 50%.

Outra medida é o parcelamento da dívida tributária para os empreendedores que estão enquadrados no Simples Nacional, o que até agora não era permitido. O prazo de pagamento será de até 60 meses.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou também que será suspensa a necessidade de declaração anual do Simples Nacional. Para substituí-la, as declarações mensais serão consolidadas pela Receita Federal. “Essa ampliação vai no sentido de abranger um número maior de empresas que estariam agregadas naquele que é o regime tributário mais moderno que nós temos no país”, disse Mantega.

Outro ponto negociado entre o governo e parlamentares é a permissão para que micro e pequenas empresas possam exportar sem sair do Programa do Simples Nacional o mesmo valor comercializado no mercado brasileiro.

O Simples, como o nome diz, é um sistema simplificado de cobrança de impostos para micro e pequenas empresas que vigora há mais de quatro anos. Até agora, 5,2 milhões aderiram ao programa, o que, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), representa 88% das micro e pequenas empresas do país.

O Simples unifica oito tributos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios - o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), PIS/Pasep, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Serviços (ISS) e a Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa jurídica.

O programa é administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil, dos estados e do Distrito Federal e dos municípios. Para entrar no Simples Nacional é necessário ser microempresa ou empresa de pequeno porte.

Fonte: Agência Brasil de Notícias

Inovar exige mudança de comportamento, afirma cientista

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Inovação não é patente, não é novidade. A palavra significa mudança de comportamento de fornecedores e consumidores, segundo o cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), Silvio Lemos Meira. Na sua análise, o termo inovar se tornou banal na linguagem popular.
"É preciso mudar o comportamento das pessoas frente ao atual cenário, em que cada vez mais, surgem oportunidades, em intervalos mais curtos. O empresário precisa redesenhar seu negócio para atender esse novo mercado que esse apresenta hoje”, afirma.

Para o cientista, os Agentes Locais de Iovação (ALI), que compõe o programa do Sebrae, são agentes do conhecimento, que têm papel importante no esclarecimento das micro e pequenas empresas sobre o que de fato é inovar. “O fazer diferente precisa ser tratado como princípio do negócio, é um processo contínuo. Estamos falando do compartilhamento de coisas, expectativas, processos, problemas e soluções”, disse.

Silvio mostrou o quadro das inovações ocorridas desde o Império Romano até o processo de mecanização, em 1970, e a atual explosão dos softwares e redes. “O processo de inovar acontece em ondas na sociedade, nas economias e nos mercados”. Segundo ele, “neste atual momento, as criações devem ser focadas no cliente, que cada vez mais quer algo complexo, porém com utilização simples. O cliente sabe que é possível. Isso é fazer diferente”.

Na avaliação do cientista, é preciso pensar produtos e serviços como um todo e articulados com as cadeias de valores. “O mercado é mutante. Se não nos adequarmos, vamos virar commodites”, advertiu. E acrescentou: "A tecnologia é suporte para inovação. Esta por sua vez, não é fim, e sim meio”.

Fonte: Agência Sebrae de Notícias

Projeto que reduz INSS para o Empreendedor Individual tranca pauta do Senado

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Foi lido em Plenário nesta quarta-feira (13) o Projeto de Lei de Conversão 19/2011, decorrente da Medida Provisória 529/2011, que reduz a alíquota de contribuição do Microempreendedor Individual (MEI) para a Previdência Social de 11% para 5% sobre o valor do salário mínimo. Aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada, o projeto passa a trancar a pauta do Senado junto com a MP 528/2011, que altera a alíquota para cálculo do Imposto de Renda de Pessoa Física.
Editada em abril, a MP 529/11 altera a Lei 8.212/91, que dispõe sobre Plano de Custeio e da Seguridade Social. Com a alíquota de 11%, o microempreendedor individual pagava à Previdência Social entre R$ 60 e R$ 65 mensais. A lei reduz esse pagamento para valores entre R$ 27 e R$ 33. A esse valor soma-se R$ 1 se for devido o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), e R$ 5 se for devido o ISS (Imposto sobre Serviços), conforme o tipo de atividade.

A intenção do governo é incentivar a ampliação do trabalho formal. Os cálculos oficiais são de que a medida pode levar para o mercado formal cerca de 1,5 milhão de empreendedores individuais - aqueles com receita bruta anual de até R$ 36 mil e sem participação em outra empresa como sócio ou titular.


Fonte: Agência Senado

Se dinheiro, dizem, não traz felicidade, para que serve então?15

JUL25
Penso que serve para nos dar a liberdade. Sim, liberdade de escolha. Escolher onde morar, escolher a melhor assistência de saúde, escolher a melhor assistência jurídica, escolher a forma de viver. E tantas outras escolhas que se tornam possíveis quando temos dinheiro além de nossas necessidades imediatas.
No entanto, por mais que seja doído admitir, não tem jeito: ganhar dinheiro com a atuação pessoal, além do que precisamos, é coisa exclusiva de quem é estrela. Não é para os mortais comuns. Pessoas comuns trabalham a vida inteira num emprego, mesmo que seja um bom emprego, mas passa a vida toda produzindo somente para pagar as contas. Acumular um patrimônio acima do mediano não é possível com emprego. A menos que sejamos estrela.
E aqui entra o grande paradoxo de quem monta negócio. Uma empresa tem de ser entendida como um investimento para ganhar dinheiro. Mas se ela servir apenas como “auto-emprego” ela renderá apenas o que for possível ao dono produzir. Empresa que depende do dono para operar nunca será geradora de resultados acima do razoável.
Dono que trabalha na empresa como um empregado nunca fará da empresa um meio de ganhar um bom dinheiro.
Porque tem que ser assim?
Porque a produção pessoal e individual só é geradora de grande soma de dinheiro para quem for estrela. Não sendo estrela, individualmente não produzirá o suficiente. Há a necessidade de explorar investimentos adicionais em bens, ativos financeiros ou estrutura empresarial.
Sim, ganha dinheiro com empresa quem for capaz de desenvolver um sistema de trabalho e uma estrutura operacional que sejam capazes de funcionar sem a sua presença. Se a operação depender do dono, a empresa permanecerá do tamanho que o dono suportar, e ela será apenas seu instrumento de sustentação do seu auto-emprego.
Passada a fase de viabilização do modelo de negócio, a empresa precisa ser levada ao crescimento numa dimensão maior que a capacidade operacional individual do dono, senão, não será geradora de riqueza.
Mas, se não for pela acumulação de lucro, a obrigação de desenvolver sistema de trabalho e estrutura competentes será pela nossa vulnerabilidade: podemos adoecer, podemos sofrer acidentes que nos afastam da empresa, podemos até morrer. Assim, se você não for um astro, uma estrela que recebe altos salários ou altos cachês, faça da sua empresa uma estrela e não apenas seu empregador. Não seja empregado de você mesmo. Trabalhe para o seu negócio, não apenas na sua empresa.
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Sobre o autor: A. Carlos de Matos é diretor de operações IBELG – Instituto Brasileiro de Excelência em Liderança e Gestão.


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